História de Rodeio



A Imigração
 
Rodeio foi fundado por imigrantes italianos vindos do Tirol Trentino, Norte da Itália, no ano de 1875, época em que o Tirol Meridional ainda pertencia ao Império Austro-Húngaro. Inicialmente vieram 114 famílias distribuídas em 3 turmas: a primeira, composta de 20 famílias, partiu em maio de 1875, aportando aqui no dia 15 de agosto-dia da Assunção de Nossa Senhora. A segunda turma, composta de 34 famílias, chegou no dia 15 de setembro-dia da Nossa Senhora das Dores. A terceira, com 60 famílias, partiu em 28 de agosto e chegou em 28 de outubro.

Os grupos partiram de Trento em viagem de trem. Depois seguiam por via marítima em navios até aportar no Rio de Janeiro. Em seguida aportavam em Itajaí para serem conduzidos até Blumenau, em carroças. De Blumenau eram conduzidos a pé, até Timbó, a fim de escolherem seus lotes de terra em meio à floresta virgem.

As primeiras famílias vieram de Trento, Rovereto, Pèrgine, Fornace, Civezzano, Lèvico e Vìgolo Vattaro.
A Primeira estrada aberta no meio da floresta foi a PICADA DE RODEIO, ou LINHA CAMINHO DE RODEIO, feita a golpes de facão e machado. Ali os imigrantes ocuparam suas colônias, desde Timbó até Diamante, às margens do Rio Itajaí-Açu, onde construíram suas primeiras choupanas de madeira bruta, cobertas de folhas de palmitos, suas primeiras residências provisórias. Inicialmente trataram de derrubar a mata para as primeiras plantações, trabalho duro e sofrido que lhes acarretou toda espécie de sacrifícios e dificuldades. Sendo porém muito católicos tinham por princípios inabaláveis a fé e a coragem, e como valores insubstituíveis a família e o trabalho, fatores com os quais contaram para vencer,  conseguindo assim plantar a semente da colonização.

Rodeio pertencia à Colônia de Blumenau, nome dado ao fundador e administrador Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau, um alemão que viabilizou a colonização através de contatos celebrados com o Imperador do Brasil.


O casal Nicolla e Giovanna Tamanini vieram da Itália para se instalar em Rodeio.


Rodeio

Italianos, poloneses, alemães e uma minoria de brasileiros foram os primeiros habitantes. Os fundadores que iniciaram a colonização eram em geral famílias de camponeses e artesãos. Eles herdaram da Itália uma cultura sólida baseada na fé católica, na obediência à Igreja e na preservação dos valores da família. O trabalho era condição essencial de sobrevivência e de luta para o domínio da terra ou dos trabalhos artesanais. A terra, por excelência, era o tesouro que tinham perdido na pátria de origem, a qual lembravam com muita saudade. Mas apesar do sacrifício e da dor dos primeiros anos, aprenderam a amar e respeitar a terra brasileira que lhes deu guarida e pão.

Os primeiros filhos de colonizadores nascidos aqui foram balizados pelo primeiro Vigário de Joinville, Padre Carlos Boegershausen, que visitava a Colônia de Blumenau de tempos em tempos. A primeira criança balizada foi a menina Teresa, filha de António Beber.

A primeira missa em Rodeio foi celebrada no dia 7 de maio de 1876 nas casas de Giuseppe Fiamoncini e Giovanni Pacher. A construção da primeira capela provisória de "Nossa Senhora das Dores" foi provavelmente realizada em 1876 em terreno doado por Giuseppe Bonvecchio. Os casamentos eram realizados em Blumenau; os noivos e testemunhas eram transportados em carroças.

O primeiro casamento foi o de Antônio Fronza e Lorenza Giácomo. Como a capela provisória já se tornava pequena para o grande conforto espiritual necessário à comunidade que crescia, os colonizadores trataram de erigir um prédio maior inaugurado em 16 de abril de 1893, que seria a sede dos Padres Franciscanos os quais assumiriam a direção do povo. Na época ainda se serviam da Capela da "Madona Dolorata", a provisória; enquanto isto já se ativava a campanha para a construção da Igreja Oficial, cuja pedra fundamental foi lançada em 1894, sob a liderança do co-fundador e Pai Espiritual Frei Lucínio Korte, primeiro vigário, em terras doadas por Valentino Fruet e Leonardo Scoz.

A Igreja Matriz foi oficialmente inaugurada em 4 de junho de 1899 recebendo o nome de "São Francisco de Assis", base de toda a formação das famílias, sede da primeira escola italiana para os filhos dos imigrantes. O prédio da Escola Paroquial foi construído em 1893 onde também fazia parte o primeiro Salão de Teatro que funcionou juntamente com a escola até 1942. Em 1895 ficou oficialmente fundada a primeira residência dos Padres Franciscanos conjuntamente com a primeira capelinha para o Santíssimo, anexa ao prédio. O primeiro Mestre-Escola da Escola Paroquial foi o Irmão Leigo Frei Germano Munsick OFM e a direção era sempre dos Franciscanos. Em 1893 os moradores de São Virgílio e Santo António começaram a erigir suas próprias capelas e escolas.

Em 1942 foi fundado o Grupo Escolar "Osvaldo Cruz", primeira Escola Pública Estadual Brasileira em Rodeio, em substituição à Escola Italiana, pois a Colônia encontrava-se em pleno processo de nacionalização da Língua Portuguesa.  O primeiro Diretor do "Oswaldo Cruz" foi o Senhor Abelardo Souza substituído pela Senhora Semíramis Duarte Silva Bosco. No início, o Grupo Escolar recebeu uma equipe de professoras de Florianópolis para suprir a necessidade de formação brasileira. No dia 4 de junho de 1899 foi solenemente realizada a bênção do primeiro grande templo católico, a Igreja Matriz de São Francisco de Assis, sob a direção da Província da Imaculada Conceição.

Em 1900 Rodeio passou a ser Paróquia cuja abrangência atingia Rio do Sul a Jaraguá do Sul. Em 1901 foi instalado o Noviciado da Ordem Franciscana e o  Convento anexo ao templo passou a ser a residência oficial dos padres, leigos e noviços. Os perigos iminentes provindos da ação dos índios que vagueavam pelas matas da região continuavam a amedrontar não só os colonos, mas os próprios missionários franciscanos que deviam se embrenhar na floresta visitando as "freguesias" para dar assistência religiosa.
Os selvagens, por sua vez, ameaçados de perderem seus espaços físicos por causa do desenvolvimento evidente da colonização, assaltavam as habitações mais isoladas causando prejuízos e vítimas. Os "caçadores de bugres" e as autoridades não conseguiam intimidá-los suficientemente.

No período de 1889 a 1902 aconteceram 15 assaltos; as localidades paroquiais atingidas foram: São Pedrinho, Ipiranga, Rio Herta, Josefina, Ribeirão São Paulo, Guaricanas, Subida e Lontras, totalizando 9 mortes. Em 3 de abril de 1904 surgiu o primeiro Jornal: "L'AMICO", sob a administração dos padres franciscanos, sustentados até 1917. José Ferreira da  Silva registrava os fatos da história da região e Mário Locatelli escrevia colunas de fatos isolados e às vezes comicos, como é o caso da coluna  "Ciàcere in Confidenza". Theobaldo Costa Jamundá escreveu o livro sobre Rodeio: "Interpretação Regional".
Os primeiros historiadores foram porém os próprios padres que registravam tudo em suas crônicas. Mais tarde surgiu o  Jornal "O ESCUDO". Em 16 de julho de 1905 instalou-se o Convento das Irmãs da Divina Providência para a instrução das crianças e acedência aos doentes. Em 1915 surgiu a Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas, fundada por Frei Policarpo Schuen, com a premente necessidade de atender à crescente atividade da formação e do progresso religioso da infância e da juventude. As três primeiras abnegadas moças que atenderam ao chamado e portanto que fundaram a Congregação, foram: Amabile Avosani, Maria Avosani e Liduína Venturi, todas três de Rodeio e filhas de imigrantes.

Nas capelas provisórias desde 1880 funcionavam as escolas também provisórias, que por falta de mestres, os colonos mais instruídos ensinavam as primeiras lições aos filhos dos outros colonos. A base da instrução era fundamentalmente catequese e alfabetização. Na capela central o primeiro leigo catequista foi Valentino Fruet, em seguida Giovanni Fava, sendo depois sucedidos por Frei Germano e pelo co-mestre Virgílio Campestrini. Em seguida as Irmãs da Divina Providência assumiram a Escola Paroquial Italiana cujas primeiras mestras foram: Irmã Eulógia e Irmã Clemência Beninca. Na capela de São Virgílio os primeiros mestres foram: Vimercati, Senhora Ropelato, Savério Bogo e Giuseppe Sevegnani, seguidos depois pelas Irmãs Catequistas. Na Capela de Santo António, os primeiros mestres foram: Giuseppe Zaniuca, Giuseppe Sevegnanai e Adolfo Negherbon até a chegada das Irmãs Catequistas.

Podemos considerar fundadoras e colonizadoras as primeiras famílias dos colonos imigrantes, sob a orientação geral de Frei Lucínio Korte, que serviu de Mestre de todos os ofícios básicos para o trabalho; ele foi o Mestre da instrução, das profissões, da formação religiosa, influenciando muito na formação geral da sociedade. A religiosidade impressa no povo foi tão forte que ultrapassou a metade deste século, tanto que na administração do Prefeito Georg Schütz Júnior criou-se o Decreto N° 27 de 3 de dezembro de 1957 que "consagrou oficialmente" o município de Rodeio aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria. O decreto previa inclusive que anualmente essa consagração fosse comemorada no dia 3 de novembro como feriado municipal.

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